- Será
que eles vão enviar o tal agente?
- Não sei... - E se ele vier? - Bem, nada tenho a fazer. - Eu, menos ainda. - Já vou sair, pois estou atrasado para o trabalho. |
Logo após a saída do marido, alguém bate à porta. A mulher atende e encontra um homem à sua frente. Era um fotógrafo que se enganara de endereço.
Homem - Bom dia! Eu sou...
Mulher - Ah, já sei. Pode entrar.
- Seu
marido está em casa?
- Não, foi trabalhar. - Presumo que ele esteja a par... - Sim, está a par e também concorda. - Ótimo! Então vamos começar? - Mas...já? Assim tão rápido? - Preciso ser breve, pois ainda tenho dezesseis casais para visitar. - Puxa! O senhor aguenta? - Aguento sim, pois gosto do meu trabalho. Ele me dá muito prazer. - Então, como vamos fazer? - Permita-se sugerir uma no quarto, duas no tapete, duas no sofá, uma no corredor, duas na cozinha e a última no banheiro. - Nossa! Não é muito? - Nem sempre se acerta na primeira tentativa. - O senhor já visitou alguma casa neste bairro? - Não, mas tenho comigo algumas amostras dos meus últimos trabalhos. (Mostra fotos de crianças.) Não são belos? - Como são lindos esses bebês! O senhor os fez? - Sim. Este aqui (mostra uma das fotos) foi conseguido na porta do supermercado. - Nossa! Não lhe parece um tanto público? - Sim, mas a mãe era artista de cinema e queria publicidade. - Que horror! - Foi um dos trabalhos mais duros que fiz. - Imagino... - Esta foi feita num parque de diversões, em pleno inverno. - Credo! Como o senhor conseguiu? - Não foi fácil. Como se não bastasse a neve caindo, havia uma multidão em cima de nós. Quase não consigo acabar. - Ainda bem que sou discreta e não quero que ninguém nos veja. - Ótimo, eu também prefiro assim. Agora, se me der licença, vou armar o tripé. - Tripé???!!! Para quê???!!! - Bem, minha senhora, é necessário. Meu aparelho, além de pesado, depois de pronto para funcionar, mede um metro. |
A mulher desmaiou."
Engraçado, não? Pois é... Mas voltemos ao assunto sério. Neste texto, a diisotopia manifesta-se para o leitor, mas para cada personagem as falas são monoisotópicas. E essa monoisotopia, principalmente para a mulher, é reforçada por afirmações do homem como "Ele (o trabalho) me dá muito prazer" e "Sim". (Ao responder à pergunta se tinha sido ele quem tinha feito os bebês.) Presumo que você tenha percebido onde a diisotopia começa: a partir da fala da mulher "Ah, já sei. Pode entrar".
O estudo do significado das frases pertence à Semântica Frástica e o dos textos, à Semântica Transfrástica ou Textual.
Engraçado, não? Pois é... Mas voltemos ao assunto sério. Neste texto, a diisotopia manifesta-se para o leitor, mas para cada personagem as falas são monoisotópicas. E essa monoisotopia, principalmente para a mulher, é reforçada por afirmações do homem como "Ele (o trabalho) me dá muito prazer" e "Sim". (Ao responder à pergunta se tinha sido ele quem tinha feito os bebês.) Presumo que você tenha percebido onde a diisotopia começa: a partir da fala da mulher "Ah, já sei. Pode entrar".
O estudo do significado das frases pertence à Semântica Frástica e o dos textos, à Semântica Transfrástica ou Textual.
Fonte: Prof Paulo Hernandes
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